Dor Fantasma

Você já ouviu falar em dor fantasma? Ela é uma condição real e mais comum do que se imagina: estudos de prevalência mostram que até 80% das pessoas que tiveram membro amputado desenvolvem dor fantasma. Mesmo após a remoção de um membro, muitas pessoas continuam sentindo dores intensas como se ele ainda estivesse ali. Parece algo impossível, mas vem entender porquer isso acontece!

A dor fantasma é uma dor percebida no membro que foi amputado. Isso é diferente da "sensação do membro fantasma" — que pode envolver apenas sensações de comprimento, volume ou movimento do membro ausente, sem dor. Também é diferente da dor no coto, que é percebida no coto de amputação ou no restante do membro. No caso da dor fantasma,  pode haver dor em queimação, pontadas, choques na parte amputada que já não existe mais!

Essas dores geralmente começam logo na  primeira semana após amputação, mas também podem surgir após meses ou anos. Em muitos casos, a intensidade e frequência diminuem com o tempo, mas para algumas pessoas, a dor se torna crônica e extremamente limitante.

A explicação está no cérebro e no sistema nervoso. Mesmo com a ausência do membro, a área do cérebro responsável por ele continua ativa. É como se o cérebro ainda "esperasse" informações daquele local — e essa confusão pode gerar dor.

Além disso, a dor fantasma está relacionada a uma hiperexcitabilidade cerebral e a um processo chamado neuroplasticidade maladaptativa: o sistema nervoso tenta se reorganizar após a perda do membro, mas essa reorganização nem sempre ocorre da forma ideal, resultando em dor.

Outros fatores que aumentam o risco de dor fantasma incluem:

  • Ter dores crônicas antes da amputação;

  • Cuidados perioperatórios inadequados (controle da dor no período da cirurgia);

  • Estímulos sensitivos no coto, uso da prótese ou traumas no local.

O tratamento da dor fantasma é um desafio e muitas vezes envolve múltiplas abordagens. Algumas opções incluem:

Tratamento farmacológico

  • Medicamentos para dor neuropática, como antidepressivos duais, tricíclicos, anticonvulsivantes como gabapentina e pregabalina e, em alguns casos, opioides. 

Tratamento não farmacológico

  • Terapia do espelho ou realidade virtual (técnicas que “enganam” o cérebro, ajudando na reorganização neural);

  • Acupuntura, especialmente a neuromodulação com eletroacupuntura, que pode modular a percepção de dor e reduzir a hiperexcitabilidade nervosa;

  • Intervenções - bloqueio de nervos periféricos pode ajudar nas dores refratárias;

  • Fisioterapia e reabilitação funcional são essenciais no tratamento para devolver a funcionalidade 

O ideal é que o tratamento seja individualizado, respeitando as necessidades de cada pessoa.

Por que essa dor acontece?

Como tratar?

Reorganização cortical maladaptativa

O diagnóstico da dor fantasma é clínico, ou seja, feito a partir da história do paciente e do exame físico — não existe um exame específico para "confirmar" a doença. 

Exames laboratoriais ou de imagem podem ser solicitados para excluir outras condições que podem causar dor como alterações no coto de amputação ou presença de neuromas.

Como a acupuntura pode ajudar ?

Diagnóstico e exames complementares

A acupuntura, como terapia complementar, tem se mostrado promissora no controle da dor fantasma. As técnicas de eletroacupuntura para neuromodulação de nervos específicos são  especialmente úteis para pacientes com dor fantasma. 

Efeitos da acupuntura :

  • Modulação das vias da dor, reduzindo a sensibilidade aumentada

  • Estímulo de fibras nervosas que bloqueiam o sinal de dor e ativam o sistema descendente inibitório 

  • Redução da neuroinflamação 

  • Regulação emocional por liberação de neurotransmissores e por regulação do sistema nervoso autônomo

Referências

  1. Flor H. Phantom-limb pain: characteristics, causes, and treatment. Lancet Neurol. 2002;1(3):182-9.

  2. Subedi B, Grossberg GT. Phantom limb pain: mechanisms and treatment approaches. Pain Res Treat. 2011;2011:864605.

  3. Hanling SR, Wallace SC, Huh BK. Acupuncture and complementary treatments for phantom limb pain. Phys Med Rehabil Clin N Am. 2014;25(1):133-51.

  4. Limakatso K, Parker R, Bennett MI, Madden VJ. The effectiveness of non-pharmacological interventions for phantom limb pain: A systematic review of randomized controlled trials. Physiother Theory Pract. 2020;36(5):550-567.

Um cuidado que foca em reestabelecer sua funcionalidade

Comigo, o tratamento da dor fantasma é feito a partir do entendimento da sua dor e estabelecendo quais os seus objetivos com o tratamento, seja ele ter mais qualidade de vida ou finalmente conseguir usar aquela prótese e voltar a fazer atividades que você já não fazia antes devido a dor! Você será acolhido de forma individualizada, com avaliação médica completa e proposta terapêutica que pode incluir:

  • Tratamento medicamentoso

  • Neuromodulação com eletroacupuntura

  • Encaminhamento para fisioterapia, psicoterapia ou outros profissionais se necessário

  • Monitoramento da evolução com foco em bem-estar físico e emocional